Porto de Sines

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Anjo de Timor / PAUSA

O Anjo de Timor é um conto sobre a noite em que nasceu Jesus.


Há muitos, muitos anos, em Timor, vivia um liurai muito poderoso e muito bom. Na sua juventude, resolveu ir correr mundo, para se tornar mais sábio.

Foi viajando de barco, de ilha em ilha, até chegar a uma terra distante. Ali, um dia, conheceu um mercador vindo de muito longe, dos países do lado do poente, e que também ele andava há longos anos em viagem.

Esse mercador contou-lhe que, na sua viagem, tinha ouvido contar que, ainda muito mais longe, para além das montanhas, oceanos e dos imensos desertos de areia, vivia um povo que adorava um Deus único e todo-poderoso, criador de todas as coisas e do próprio homem. Acredita que o seu Deus, um dia, descerá à Terra para salvar todos os homens.

- Quero ir ao país onde mora esse povo - disse o timorense. - Quero ouvir mais notícias do Deus que um dia descerá dos céus e viverá entre nós.

- Ai, é impossível - respondeu o mercador. - Esse país fica tão longe que, mesmo se viajasses a tua vida inteira, não conseguirias lá chegar.

E assim ficaram falando toda a noite, mas, no dia seguinte, o mercador partiu de barco para a sua terra. Quando o barco desapareceu ao longe, o liurai pensou:

- Já vi tantos lugares e tantos povos, mas não posso encontrar o povo que adora o Deus único, porque, memsmo que viajasse a vida inteira, não conseguiria lá chegar. Por isso, de que me serve viajar mais?

E voltou para a sua terra.

Foi uma viagem longa, comprida e difícil. Quando chegou à sua casa era alta noite e já todos dormiam. Estava tão cansado que, mal entrou, adormeceu estendido no chão. E enquanto dormia, ouviu em sonhos uma voz que lhe disse que esperasse, esperasse sempre, pois um dia, a meio da noite, Deus lhe mandaria um sinal.

Na manhã seguinte, a família do liurai recebeu-o com grande alegria, porque a viagem durara anos e anos, e já ninguém sabia se ele era vivo ou morto. Os seus pais mandaram chamar parentes e amigos e nessa tarde todos cantaram e dançaram para festejar o seu regresso. mas quando todos partiram e os que moravam com ele adormeceram, o liurai foi-se sentar à porta da sua casa, à espera do sinal de Deus. Ali ficou, mudo e atento, e só depois do meio da noite foi dormir.

Daí em diante, foi sempre assim. Durante o dia, o liurai encontrava-se com os seus amigos e parentes e presidia à vida e aos trabalhos da população. Era um chefe amado e respeitado, porque era bom, justo e sábio.

Mas à noite, quando todos tinham adormecido, sentava-se de novo sozinho, à porta da sua casa, à espera de um sinal de Deus. Escutava os barulhos da noite, o suspiro do vento nas árvores, a voz do mar ao longe, respirava os perfumes da noite - cheiro da terra, aroma das flores, aroma do sândalo, cheiro distante do mar. Olhava sem fim o brilho das estrelas.

À medida que os anos passaram, ia envelhecendo, mas todas as noites se sentava à entrada da sua casa, à espera do sinal de Deus. Pousava sempre ao seu lado a pequena caixa de sândalo, que tinha lá dentro as pedrinhas com as quais na sua infância jogava o hana-caleic.

E, de vez em quando, abria pequenas poças na terra e, como na sua infância, brincava com as pedras do caleic.


Mas às vezes tinha medo da noite e sentia-se sozinho, como se Deus não o estivesse a ver. Então dizia:

- Meu Deus, não me abandones. Vê-me

E numa noite assim, quando ele se sentia tão cansado e tão só, mais uma vez levantou a cabeça e olhou para as estrelas. Então viu levantar-se do Oriente uma grande estrela claríssima e luminosa que, muito devagar, atravessava o céu.

E o universo inteiro ficou mudo e atento. De súbito, uma voz altíssima cantou:

- Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade.

E o liurai viu na sua frente um jovem todo vestido de luz. E reconheceu que ele era o mensageiro de Deus, porque na sua cara brilhava uma alegria imensa.

E o jovem disse:

- Alegra-te, liurai, porque o Deus que tanto tens esperado se fez homem e desceu hoje à terra. É uma criança recém-nascida e está deitado num curral de animais, em cima de um molho de palha. mas todos os anjos lhe cantam louvor e em breve chegarão os pastores para o adorar. E dentro de poucos dias chegarão os três reis magos do Oriente, que vêm seguindo a estrela. Eles, de joelhos, adorarão o Menino e cada um lhe há-de oferecer um presente. Gaspar traz uma caixa com oiro, Melchior uma caixa com mirra e Baltasar uma caixa com incenso.

- Quero ir com eles, exclamou o chefe timorense.

- É impossível. Belém fica tão longe que, nem que caminhasses a tua vida inteira, lá chegarias.

- Então tu, anjo, que és mais rápido que o pensamento, leva a meu presente ao Menino. É uma caixa de sândalo que tem lá dentro as pedras com que eu brincava ao caleic quando era pequeno.

- Foste tu o único que te lembraste de Lhe mandar um brinquedo. Quando os reis chegarem - respondeu o anjo -, eu estarei com eles e poisarei a tua caixa em frente ao Menino!

Mal o anjo desapareceu, o liurai encostou-se a um pilar da sua casa e adormeceu na paz do Senhor.

A partir de então, sempre que se celebra o Natal, o anjo de Timor ajoelha-se ao lado dos reis magos, em frente ao presépio que há no céu, e oferece ao Menino o presente do velho liurai.

Este Natal, o anjo de Timor ajoelhou-se e disse:

- Menino Deus, Príncipe da Paz, Deus Todo-Poderoso, lembra-te do povo de Timor que por ti foi confiado à minha guarda. Senhor, escuta as suas preces, vê o seu sofrimento. Libertai-os do seu cativeiro, dai-lhes a paz, a justiça, a liberdade e a plenitude da Vossa graça. Glória a ti, Senhor!

Um liurai é um rei, chefe, timorense.

E tu, que em tantas coisas és rei, também terás a tua oportunidade perante o Menino. Tens muitos dias e noites, uma grande viagem para treinares.

Que este Natal seja para ti um nascimento de vida e paz no teu coração.


Timor já saiu do cativeiro, mas ainda falta muito tempo para que a paz, a justiça, a liberdade e a plenitude da Graça de Deus se manifestem em toda a sua. Glória.


PAUSA: Por motivos pessoais, apelando à vossa tolerância e amizade, permito-me fazer uma PAUSA a fim de respirar Ar, Sol e Caminhar mais um pouco à Beira Mar, procurar um reequilíbrio nas oscilações da vida,  encontrar-me comigo próprio e com a minha Família.

REENCONTRAR-NOS-EMOS tão breve quanto possível. BEM HAJAM!!

Imagem da Internet
Texto Sophia Mello Breyner

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Célebre Azulejo de Toledo


ESTE É O CÉLEBRE AZULEJO DE TOLEDO



Para que não tenham dúvidas... Esta é a sua tradução para português:

A SOCIEDADE É ASSIM:

O POBRE TRABALHA

O RICO EXPLORA-O

O SOLDADO DEFENDE OS DOIS

O CONTRIBUINTE PAGA PELOS TRÊS

O VAGABUNDO DESCANSA PELOS QUATRO

O BÊBADO BEBE PELOS CINCO

O BANQUEIRO "ESFOLA" OS SEIS

O ADVOGADO ENGANA OS SETE

O MÉDICO MATA OS OITO

O COVEIRO ENTERRA OS NOVE

O POLÍTICO VIVE DOS DEZ

By e-mail

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Made in Portugal

NÃO ESQUECER


560


Vale a pena pensar nisto... e agir em conformidade.

Sejam amigos de vós próprios


O ZÉ, depois de dormir numa almofada de algodão (Made in Egypt), começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (Made in Japan) às 7 da manhã.

Depois de um banho com sabonete (Made in France ) e enquanto o café (importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic ), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China ).

Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapore) e um relógio de bolso (Made in Switzerland).

Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA ) na sua torradeira
(Made in Germany ) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain ), pegou na máquina de calcular (Made in Korea ) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand ) para ver as previsões meteorológicas.

Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in India ), ainda bebeu um sumo de laranja (produced in Israel ), entrou no carro Saab (Made in Sweden ) e continuou à procura de emprego.

Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (Made in Finland ) e, após comer uma pizza (Made in Italy ), o Zé decidiu relaxar por uns instantes.

Calçou as suas sandálias (Made in Brazil), sentou-se num sofá (Made in Denmark), serviu-se de um copo de vinho (produced in Chile), ligou a TV (Made in Indonesia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em PORTUGAL...

Estima-se que se cada português consumir 150€ de produtos nacionais, por ano, a economia cresce acima de todas as estimativas e, ainda por cima, cria postos de trabalho.


Pode ser que isto acorde alguém.

Dê preferência aos produtos de fabrico Português. Se não sabe quais são, verifique no código de barras.


Todos os produtos produzidos em Portugal começam por 560 ........

Fontes: Google imagens e e-mail

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O QUE SE COME NUMA SEMANA

O que se come numa semana, OU O QUE SE PODE COMER?


Muito interessante o comparativo. Vejam o tamanho da família, a dieta alimentar de cada país, a disponibilidade de alimentos e a despesa com comida, numa semana.

1 - Alemanha: Família Melander de Bargteheide.

Despesa com alimentação em 1 semana: 375.39 Euros / $500.07 dólares



2 - Estados Unidos da América: Família Revis da Carolina do Norte

Despesa com alimentação em 1 semana: $341.98 dolares



3 - Italia: Família Manzo da Secília

Despesa com alimentação em 1 semana: 214.36 Euros / $260.11 dolares



4 - México: Família Casales de Cuernavaca

Despesa com alimentação em 1 semana: 1,862.78 Pesos / $189.09 dólares



5 - Polónia: Família Sobczynscy de Konstancin-Jeziorna

Despesa com alimentação em 1 semana: 582.48 Zlotys / $151.27 dólares



6 - Egito: Família Ahmed do Cairo

Despesa com alimentação em 1 semana: 387.85 Egyptian Pounds / $68.53 dólares



7 - Equador: Família Ayme de Tingo

Despesa com alimentação em 1 semana: $31.55 dólares



8 - Butão: Família Namgay da vila de Shingkhey

Despesa com alimentação em 1 semana: 224.93 ngultrum / $5.03 dólares



9 - Chade: Família Aboubakar do campo de refugiados de Breidjing

Despesa com alimentação por semana: 685 Francos / $1.23 dólares



Dá que pensar! REFLITAMOS UM POUCO

Fonte: E-mail recebido

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vila do Bispo - Homenagem aos seus agricultores

Num pequeno passeio [cá dentro] no Barlavento Algarvio chamou-me logo atenção, numa rotunda de acesso à vila, um monumento fálico "sui generis" simbolizando uma espiga de trigo.


Trata-se obra de Mário Miranda dedicada aos agricultores de Vila do Bispo, que foi durante séculos considerada o "CELEIRO DO ALGARVE", com o melhor trigo e a maior produção, sobre as suas colinas ventosas e levemente onduladas.
Recordando um tempo em que o povo chamava aos campos de trigo "campos de pão", esta rotunda, mais que uma marca de identidade perdida, representa uma era que teimamos deixar para trás caídos como somos nos modernismos e das importações.

São porventura do escultor os versos gravados na placa evocativa desta homenagem.


...Uma tarde!... O céu d' Agosto era alado...
... de um arco-íris...  e mais...
... ondulava a forte brisa... na seara...
... um homem ceifava no chão
o trigo já maduro...
...que um dia há-de ser pão...

Mário Miranda
[escultor]

Os campos estão cada vez mais abandonados, fazendo cada  mais com que seja estrangeira a farinha do pão que comemos.

Daí  oportunidade  da frase do Papa Bento XVI sobre a actual  "crise económica":
"PARECE-ME UMA BOA ALTURA PARA QUE SE VOLTE A VALORIZAR A AGRICULTURA".

terça-feira, 9 de novembro de 2010

S. B. Messines - Duas boas ideias...

A verdade é só uma: infelizmente são os remediados e pobres que pagam a crise e que nada fizeram, que a provocasse... A pobreza está a aumentar em Portugal...

Assim, em tempo de crise, todas as medidas que possam contribuir para auxílio aos mais necessitados não são demais.



A Junta de Freguesia de S. Bartolomeu de Messines, no Barlavento [Oeste] algarvio, conjuntamente com a Cruz Vermelha Portuguesa tomaram a inicitativa louvável de colocar contentores para quem , num gesto de solidariedade, queira depositar roupa, calçado e brinquedos usados. Os bens são canalizados para Cruz Vermelha Portuguesa para distribuição pelos mais carenciados. 

Sendo ainda de salientar a medida acrescida da proibição de deitar lixo fora dos contentores que os moradores daquela vila acolheram e respeitaram com louvável civismo. 

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O EEEEEEEEEECOOOOOOOO DA VIDA (((((IMPERDÍVEL)))))

Filho e  pai caminhavam nas montanhas. De repente o filho magoa-se e grita "Aaaaaahhhhhhhhh!!!!!"
Para seu espanto ouve uma voz vinda da montanha: "Aaaaaahhhhhhhhh!!!!!"

Com curiosidade o menino pergunta: "Quem está aí??"
Recebe uma resposta: "Quem está aí??"

Zangado com a resposta: "Cobarde!"
E recebe como resposta: "Cobarde!"

O menino olha para o seu pai e pergunta-lhe:
"Que é que se passa?"
O pai sorri e diz-lhe:

"Filho, presta atenção"
E o pai grita para a montanha: "Admiro-te!"
E a voz responde: "Admiro-te!"

Novamente o homem grita: "És um campeão!"
E a voz responde-lhe: "És um campeão!"

O menino estava admirado mas não entendia.

Então o pai explica-lhe:


As pessoas chamam-lhe eco, mas na realidade é a vida!

Devolve tudo o que dizes ou fazes.
A nossa vida é simplesmente um reflexo das nossas acções.

Se desejas amor no mundo, cria amor à tua volta.

Se desejas felicidade faz felizes os que te rodeiam.

Se desejas um sorriso na alma, dá um sorriso á alma dos que conheces.

Esta relação aplica-se a todos os aspectos da vida.
A vida dar-te-á de regresso, exactamente aquilo que tu lhe deste.

A tua vida não é uma coincidência, é um reflexo de ti.


Fonte: E-mail recebido

sábado, 30 de outubro de 2010

Os 11 hotéis mais estranhos e originais do mundo

1. Hotel flutuante, Suécia
Neste hotel os hóspedes podem trabalhar e conviver de uma forma muito interessante, desfrutar de comida e bebida, e dormir ao som das ondas.



2. Sand Hotel, Inglaterra
O primeiro hotel do mundo de areia na praia de Weymouth, em Dorset.



3. Hoteis de selva, México
Quartos de hotel com um cofre escondido na selva, está localizado perto da aldeia de Jelapa, México.



4. Ice Hotel no Canadá. Apenas hotel de gelo e neve.



5. Capsule Hotel, no Japão
Moderno hotel onde o quarto está limitado ao tamanho de um bloco plástico com tempo suficiente para dormir.



6. Hoteis no bunker para sobrevivência, Holanda
Este hotel está num bunker ancorado num canal em Amsterdão.



7. Hoteis na caverna, Turquia
Oferece uma atmosfera fantástica e absolutamente exótica.



8. Air Hotel, Suécia
Agora pode-se passar a noite dormindo e a voar.



9. Hotel em madeira, Índia
Refúgio na selva que oferece uma experiência de vida maravilhosa.



10. Hoteis em prisão, na Alemanha
A antiga prisão transformada num hotel que fornece aos seus hóspedes a experiência da prisão, mas que se pode fugir quando quiser.



11. Underwater Hotel, Fiji
O primeiro hotel subaquático do mundo está localizado numa ilha particular em Fiji. Este hotel oferece uma aventura com acomodações de luxo.


Fonte: Internet

sábado, 23 de outubro de 2010

Novidade no Aeroporto de Paris

É MELHOR QUE DORMIR NUMA CADEIRA

Mas que boa novidade!!!!

Vai haver muita gente a DEIXAR DE PAGAR HOTEIS, quando viajar para PARIS...

Depois dos quartos de banho químicos, os franceses aparecem com esta...

Chegou a Sleepbox no Aeroporto Charles de Gaulle em Paris


Como o nome indica, trata-se de uma caixa de 2m x1,40m x2,30m para ter momentos de sono tranquilo e descanso numa cidade, sem perda de tempo à procura de hotel. Idealizada para estações de trem, aeroportos, locais públicos, e outros locais onde haja aglomerações de gente exausta.

Qualquer pessoa pode passar a noite em segurança e de forma barata, em emergência, num espaço que tem cama e está equipado com sistema de mudança automática de lençóis, ventilação, alerta sonoro, televisão LCD incorporada, WiFi, plataforma para um computador portátil e fones recarregáveis. Há um espaço para as malas. O pagamento é feito em terminais, que dão ao cliente a chave (eletrônica) desde 15 minutos até várias horas.






Fonte Internet

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Instrução Primária de "outrora"

Continuo a contar histórias da minha infância em Vilarinho da Castanheira. Recordo com nostalgia o tempo em que fiz a Instrução Primária.
As matrículas eram no início de Outubro. As aulas começavam após o "5 de Outubro", data comemorativa da implantação da República em Portugal. 
Rapazes e raparigas tinham aulas em escolas separadas e distantes.
A professora "de sempre" das raparigas foi a D. Inês, que fazia do professorado um verdadeiro  sacerdócio; tanto que quando se reformou, a pedido do bispo de Bragança , aceitou ser fundaddora de um convento de monjas [creio que em Sendim], onde ficou até ao fim dos seus dias.
Íamos todos a pé de sacola às costas para a escola. Alguns descalços, outros mais remediados, calçados com socos ou botas cardadas, manufacturados por medida pelos soqueiros e sapateiros da terra. Tirar as medidas para o calçado era de per si um ritual motivo de grande satisfação e expectativa.
O soqueiro Jingeira tinha um filho – o Clotário – com sete dedos no pé direito, um fenómeno local e não só.

A Escola ficava numa posição sobranceira ao adro da Igreja. Era muito antiga e exígua, com uma sala para as quatro classes [cerca de 50 alunos] dirigidas por um só professor.
Uma lareira escavada na parede, resguardada por uma porta em chapa de ferro, com lenha a arder no interior,  aquecia a sala amenizando o frio cortante no Inverno.  Chovia lá dentro.  Alguidares e baldes eram o recurso para aparar a água da chuva. 
À esquerda da lareira ficava secretária do[a] professor[a]. Do outro lado pontuavam o famigerado quadro preto, giz e apagador, complementados nas carteiras dos alunos pela lousa e o lápis de pedra, assim como o caderno para  cópias e ditados.
Os alunos das 1ª e 2ª classes acomodavam-se em  pesadas mesas  com banco corrido para 4. Os das 3ª e 4ª classes em carteiras de 2 lugares. Cada aluno tinha na carteira à sua frente um tinteiro  para molhar a pena na  escrita de cópias e ditados.
Em frente ao alto na parede permaneciam: os retratos de Salazar e Carmona. com um Crucifixo de permeio.
O Estado Novo foi o regime autoritário que mais durou em Portugal. Salazar, seu arquitecto e protagonista, marcou o País de forma total. Nós, os garotos, parodiávamos com o nome dizendo que Sal (dá) azar.
Sanitários não existiam. Um aluno quando estava atrapalhado pedia do lugar ao professor: "sô pessô dá cença de ir lá fora?!"  O professor perguntava: "fazer o quê?!" O aluno respondia: "fazer o que é preciso". Então o professor autorizava e "o que era preciso" era feito de imediato – alguns tinham as calças rachadas no "sim senhor" para facilitar a tarefa – na loja por baixo da escola, no quintal  vizinho ou  no "canêlho" mais próximo.
Era o tempo dos livros únicos. Livros escolares celebravam Deus, Pátria e Família, Salazar e a Mocidade Portuguesa nas suas capas e conteúdos. A orientação do ensino era pela moral cristã. A hierarquia começava em casa com o pai como "chefe de família". Nos manuais incluiam-se "frases obrigatórias" retiradas dos discursos de Salazar.
Aos Sábados, saíamos da escola em formação marchando e entoando cânticos patrióticos até ao adro da igreja, onde nos divertíamos com jogos tradicionais: o tiro liro, o eixo,  a bola, etc.
Fora das aulas a brincadeira estendia-se aos jogos: do pino, da burra, da bilharda e à... pedrada que por vezes terminava com uma cabeça rachada e cada um a fugir para seu lado.

Foram três os professores: na primeira e terceira classes, o professor Miranda, na segunda, a professora Cândida Ochoa e na quarta, a professora Albertina. Todos transmitiram bons ensinamentos e deixaram-me boas recordações. Muitos dos conhecimentos que adquiri na instrução primária ainda hoje perduram.

O professor Miranda era o mais rigoroso. Era muito sério, não era para brincadeiras.
Eram tempos de palmatória, alguns alunos foram vítimas dos seus castigos corporais. Recordo o castigo aplicado ao João da Angélica, meu vizinho e amigo – uma série de palmatoadas no rabo, que ficou roxo e negro.
Quando cheguei a casa, contei logo à minha mãe que, na primeira oportunidade, lhe chamou a atenção: "Professor isso não se faz! Não pode castigar dessa maneira!"
Resposta do professor: "Reconheço que exagerei, mas enervei-me!"
O pobre do João é que "ficou com elas", "ninguém lhas tirou".
A professora Ochoa era mais ponderada, raramente castigava os alunos. Usava outros métodos. A tabuada, essa matemática para definir uma operação de multiplicação  e tirar as provas dos nove e real, estava na ponta da língua.
Dizia, por exemplo, que tinha em casa um "bicho-de-sete-cabeças", destinado ao melhor aluno da escola naquele ano. Consegui sê-lo, só que nunca consegui ver tal bicho.
A professora Albertina dava-nos mais liberdade de estudar. Um mês antes do exame da quarta classe, logo ao nascer do sol, íamos buscar a chave da escola, que ela deixava debaixo da porta de casa, para recapitularmos os rios, as serras e os caminhos de ferro nos mapas de Portugal e das Colónias.
Incentivava as "sabatinas" entre os alunos da 4ª classe. Fazíamos perguntas uns aos outros sobre a matéria dada para ver quem se saía melhor.
Para  o exame da 4ªclasse, deslocàmo-nos [de burro ou de cavalo]  14 Km até Carrazeda de Ansiães onde prestamos provas. Felizmente ficamos todos [dez alunos] aprovados, tendo no regresso e à chegada à aldeia manifestado verdadeira efusão de alegria e contentamento.
Numa altura em que o país oferecia aos alunos pouco mais que a instrução primária, apenas os filhos de meia dúzia de pessoas com algumas posses tinham possibilidade de continuar a estudar. 
Alguns, como recurso, emigraram mais tarde para o Brasil, EUA, Canadá, Venezuela ou para outros países, com as suas famílias procurar melhores condições de vida.
Os restantes  aprendiam uma "arte" [sapateiro, pedreiro, carpinteiro, alfaiate, etc.] ou mantinham-se na terra cultivando os campos.

domingo, 10 de outubro de 2010

As vindimas de "antanho"


Guardo memórias preciosas da minha infância e adolescência em Vilarinho da Castanheira, no recôndito Nordeste Transmontano, que quero partilhar convosco.

Em Setembro e Outubro as uvas estavam bem maduras para comer. Apresentavam-se em várias espécies, brancas ou tintas.
Embora grande parte das uvas se destinassem à produção de vinho, havia uma grande tradição de colheita de uvas para conserva.

O feitor, o circunspecto, honesto e leal Sr. António Lereno - homem alto,  seco de carnes e de andar baloiçante. hábito que porvinha de caminhar  nas calçadas - rogava as mulheres e os homens para a vindima.
Tinha dois filhos um pouco mais novos que eu, a Gentil e o Artur que, aliados à mãe, eram motivo dos seus desabafos, dado que na hora das refeições, em que todos comiam ao mesmo tempo do enorme prato comum, "suava para os acompanhar". Quem mais depressa se despachasse melhor alimentado ficava.



As vindimas estavam na sua máxima força no mês de Setembro. O pessoal não parava, em plena vindima, sempre a cortar uvas, durante cerca de três semanas. Recordo a lida do campo de outros tempos. Da enxertia, passando pela poda, cava, sulfatação e vindima.


Acompanhava a vindima nas vinhas de S. Bartolomeu, Olgas, Fraga dos Pais e Fontaínhas. Era a minha derradeira actividade no fim das "férias grandes", antes rumar para o colégio Almeida Garrett, onde estudava como aluno interno.

Mãos ágeis das mulheres, que falavam alto e animavam com os seus cantares a vindima, cortavam as uvas que lançavam para as cestas de uma asa. Cheias de uvas as cestas eram despejadas em canastras e transportadas  pelas  bestas de carga para os lagares.


Acompanhava a pisa das lagaradas de uvas feita, pelos homens descalços de ceroulas arregaçadas e pernas “tintadas”, no lagar de pedra. Primeiro os homens cortavam o lagar a compasso. Depois de cortado o lagar, então dispersavam-se a pisar o vinho em "liberdade".


O transporte do vinho mosto para a adega era feito por mulheres com um cântaro à cabeça apoiado numa rodilha [a "sogra" ] ou por bestas com engarelas para quatro cântaros,  para armazenagem do vinho tinto e rubro em pipas e toneis, sendo prèviamente registados a giz  por mim, em grupos até cinco, num aro da respectiva vasilha.

A produção da águardente bagaceira, feita a partir do bagaço de uva fermentado, no alambique, tinha lugar na alquitarra.
O momento culminante era o da prova, quando os homens de copo na mão aguardavam com expectativa os primeiros pingos de aguardente cristalina.

Havia ainda a jeropiga (bebida feita de mosto, aguardente e açúcar) - bebida preferida pelas mulheres de então -  com que o meu pai as brindava -  na altura da degranha do milho.

Em Vilarinho as vindimas não paravam durante semanas.

Fotos Google

sábado, 2 de outubro de 2010

Maria Pita [Uma mulher de armas]

Na minha recente visita à Galiza, região dum meu trisavô que emigrou em finais do século XIX para o Brasil, tive a oportunidade de revisitar a Corunha [na forma oficial galega A Coruña].
É uma cidade fresca e alegre, virada para o Atlântico, considerada o motor da Galiza.
Os edifícios da zona ribeirinha possuem um encanto especial.


No centro da Corunha fica a Praça Maria Pita, erguida em 1860. É a mais importante da Corunha. É aí que se encontra o magnífico edifício da Câmara Municipal.


A praça de forma quadrada, toda circundada por arcadas, é o principal ponto de encontro entre cidadãos e visitantes.


É lá que está o monumento em memória  de Maria Pita, uma heroína da defesa da Corunha em 1589.


As tropas inglesas da Armada comandadas pelo pirata Francis Drake cercaram a Corunha, abriram uma brecha na muralha e começaram o assalto à cidade velha, dirigido por um alferes com a bandeira da resistência na mão que conseguiu subir à parte mais alta da muralha. Maria Pita com a arma do seu defunto marido [foi casada três vezes] matou o inglês que transportava a bandeira, transmitindo assim força aos seus compatriotas e conseguindo parar o assalto.


A chama da LIBERDADE, sempre acesa dia e noite, mantem viva a memória da heroína galega - uma mulher de armas.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

XACOBEO 2010

Ano Xacobeo, ano em que o 25 de Julho [dia da descoberta dos restos mortais de São Tiago] calha num Domingo. Isto sucede com uma cadência regular de 6-5-6-11 anos de maneira que em cada século se celebram 14 anos Xacobeo.

Santiago de Compostela é um dos mais importantes locais de culto do Mundo e actualmente Património da Humanidade.
Este ano estimam-se em 10 milhôes os peregrinos que visitarão Santiago.

São Tiago era um apóstolo, um seguidor, um amigo de Jesus Cristo. Veio  pregar as "boas novas" no Ocidente e na Galiza. Ao retornar à Palestina foi preso e decapitado no ano 44 D C.
A história conta que os seus restos mortais foram trazidos num navio para o Ocidente por dois dos seus seguidores, Teodoro e Anastácio.
Oito séculos depois  um ermitâo, de nome Pelágio, teve uma visão de uma chuva de estrêlas, que levou à descoberta do seu túmulo e os dos seus dois seguidores.


Visitei Santiago de Compostela em 1965 e 1972 aquando das minhas 1ª e 2ª licenças graciosas. Posteriormente em 1995 e a partir do ano 2000 todos os lustros - 6 vezes ao todo. Sempre senti tratar-se de uma cidade especial.


"Chuva e tormentas", foi o prognóstico metereológico para a caminhada do dia seguinte, que aguardávamos com certa expectativa. Previsão que desmobilizou parte dos "potenciais peregrinos", principalmente homens. As mulheres foram mais determinadas, poucas desistiram.

Peregrinar é um acto de Fé. É um caminho e como tal pressupõe um itinerário, mas não se esgotam nele, tem que se lhe associar uma intenção e um objectivo.


Estava uma manhã de céu cinzento, a prometer mais chuva que outra coisa [sol?..nem vê-lo].
A nossa caminhada prosseguia em ritmo apressado, o que não impedia que os peregrinos passassem por nós no seu passo cadenciado, apoiados na sua bengala e com a imprescindível mochila às costas.


[Um espigueiro(?) construido em 1893]


Tratou-se da reconstituição dum trecho da última etapa dos peregrinos até Compostela, pelo caminho original até ao Monte do Gozo [pouco mais de 7 Km, em cerca de 1h30].  Acabaram-se as tréguas e a chuva começou a cair com intensidade crescente.


[Capela de Santa Marta no Monte do Gozo]



À chegada ao ao Monte do Gozo os peregrinos perscrutam o horizonte à procura de avistar, pela primeira vez, Santiago e as torres da Catedral.

Conta a tradição que,  no Cabo Finisterra, os peregrinos queimavam as roupas e banhavam-se no Atlântico para nova descoberta pessoal, para uma nova vida, um novo caminho.


A entrada na Catedral, de estilo românico, onde se encontra o túmulo de São Tiago, é o objectivo final de quem percorre os "Caminhos de Santiago".

O mais importante é o Caminho Francês, com cerca de 900 Km, que os peregrinos percorrem em cerca de 20/25 dias, caminhando cerca de 9 horas por dia.


A Porta Santa  [ encimada pelas estátuas de São Tiago, ladeado pelos seus dois seguidores Teodoro e Anastácio]  está sempre fechada, excepto nos Anos Santos [sòmente abre no dia 31 de Dezembro] e nos  Anos Xacobeos [está aberta todos os dias].
A fila era longa e sinuosa, todos aguardavam a sua oportunidade para fazer o deambulatório [entrar, passar por detrás do Santo, abraçá-lo nas costas e passar pelo túmulo que contem as suas relíquias].


O Botafumeiro, famoso turíbulo, maior incensário do mundo, é puxado por oito tiraboleiros, vestidos de vermelho, que puxando as cordas o põem em movimento [á esquerda na imagem].

Antigamente o incenso do botafumeiro servia para disfarçar o mau cheiro dos peregrinos que pernoitavam dentro da Catedral.


[Partida para o regresso de malas aviadas]