Porto de Sines

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domingo, 18 de dezembro de 2011

"REFLEXÃO"


A porta do coração humano só se abre pela parte de dentro.

Amigos/as!!
Nesta quadra natalícia que se avizinha, permito-me fazer uma pausa de reflexão e de convívio essencial à famíla. É a nossa base de apoio.

De forma que  reatarei a nossa estimável partilha no princípio do Novo Ano.

Assim, apelando para à vossa tolerância, desejo-vos do coração:

Um Bom Natal e um Feliz Ano Novo.

Um abraço amigo para todos/as,

Jorge  

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Semeador de Estrelas

Recebi este e-mail de um amigo e não resisti a partilhá-lo convosco.

Há momentos na nossa vida que, por mais que queiramos, não conseguimos ver o óbvio...

Momento Zen:


O Semeador de Estrelas é uma estátua localizada em Kaunas, Lituânia.
Durante o dia passa despercebida...


Porém, quando a noite chega, a estátua justifica o seu nome!


Que possamos sempre ver além daquilo que está diante de nossos olhos, hoje e sempre!!!
Às vezes é preciso escuridão para que as surpresas aconteçam.


"Por vezes, a nossa vida é colocada de cabeça para baixo, para que possamos aprender a viver de cabeça para cima."

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Fontes d'Alte - FONTE GRANDE [3/3]

Nada melhor que a musa inspiradora do poeta Altense Cândido Guerreiro  que, no seu pequeno quarto de estudante em Coimbra, o levou a escrever este maravilhoso e nostálgico soneto, transportando-o até à paisagem mais distante da sua terra, evocando...  A FONTE GRANDE, O SÍTIO LINDO... onde compôs os seus... PRIMEIROS VERSOS E DE QUE O POVO CONTA INGÉNUAS LENDAS...

Soneto  mais tarde gravado nestes  quatro degraus em homenagem ao poeta.


Magnífico recanto florido que demarca a montante da Ribeira  de Alte a Fonte Grande com casas simples e brancas.



A Fonte Grande uma verdadeira piscina de águas límpidas cercadas de arvoredo majestoso, em pleno convívio com a natureza, um oásis de frescura...


Enquanto alguns  desfrutam momentos de lazer, permito-me chamar a atenção para o canto inferior direito da foto com  um excerto dos famosos degraus que serviram  de mote à introdução deste post.


Ali, os miúdos  brincam e convivem alegremente em contacto com a natureza.


Existem zonas verdes  que proporcionam aos visitantes  lazer e bem estar.


Um espaço na encosta do monte privilegia um anfiteatro  destinado certamente a festivais de folclore e espectáculos promovidos pelos altenses.


Um parque de merendas à sombra da paisagem bucólica de exuberante arvoredo.


 

Um refrescante banho é sempre apetecível.


A queda de água  no limite juzante da Fonte Grande em que ribeira prossegue passando
...

pela tranquilidade da Fonte Pequena... e seguindo o seu percurso até à confluência com a Ribeira do Algibre, passando a chamar-se Ribeira de Quarteira, desaguando no Oceano Atlântico próximo da Marina de Vilamoura.


Visitar os recantos e os encantos de Alte é um passeio sempre apetecível...

[cajoco]

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fontes d'Alte - Fonte PEQUENA [2/3]


Descobrir o país real é sempre uma surpresa.


É o caso das  Fontes de Alte, situadas no leito da ribeira de Alte, que são um dos ex-libris daquela Aldeia.


Caminhando de juzante para montante da ribeira vamos descobrindo os encantos e os recantos das suas Fontes.

A jusante da ponte que se segue, na margem esquerda da ribeira, patos e cisnes espanejam-se e secam-se regaladamente ao sol.


Eis um trecho dum local aprazível e refrescante com o arvoredo envolvente reflectido nas suas águas puras e cristalinas.


Um espaço com um monumento para homenagear o poeta Candido Guerreiro com a imagem em azulejo e num quadro também em azulejo  um seu soneto como segue: 


Porque nasci ao pé de quatro montes
Por onde as águas passam a cantar 
As canções dos moínhos e das pontes
Ensinaram-me a falar...

Eu sei a vossa língua, águas das fontes...
Podeis falar comigo águas do mar...
E ouço, à tarde, os longínquos horizontes
Chorar uma saudade singular.

E porque entendo bem aquelas máguas
E compreendo os íntimos segredos
Da voz do mar ou do rochedo mudo,

Sinto-me irmão da luz, do ar, das águas,
Sinto-me irmão dos íngremes penedos,
E sinto que sou Deus, pois Deus é tudo...

Candido Guerreiro
À memória do grande poeta Altense



Esta fonte pequena de água corrente [lembrança de um filho  da terra 1948 ] encimada por uma quadra do poeta.

OH FONTE DE ÁGUA CORRENTE
TODOS TE PEDEM FRESCURA
TENS BEIJOS DE TODA A GENTE
E NÃO DEIXAS DE SER PURA


O monumento supramencionado está integrado num parque de merendas com mesas e bancos de pedra.

A tradicional nora  com os seus alcatruzes anuncia o  Fonte Pequena Restaurante Bar


As águas cristalinas e o arvoredo majestoso  são uma constante na ribeira de Alte.

Um logradouro encastoado no monte decorado com torres e ameias.


[cajoco]

sábado, 19 de novembro de 2011

RECANTOS d'Alte [1/3]

Alte fica situada a pouca distância da costa marítima e, no entanto, longe da sua agitação no centro geográfico do Algarve, na transição do Barrocal para a Serra. É considerada a mais típica e pitoresca aldeia do Algarve.

.
Nada melhor, para apreciarmos  a beleza dos recantos maravilhosos desta aldeia, que  retratá-la, calcorreando subindo e descendo as suas calçadas.


Num belo e acolhedor espaço logo à entrada da povoação depara-se-nos um parque de merendas, com bancos e mesas em madeira, convidando  o visitante a puxar do farnel e degustá-lo à sombra amena de uma oliveira e de uma alfarrobeira, ladeadas por forte vegetação.

Segue-se o incontornável carroço com rolamentos de esferas encimando um bloco de pedra da região.


O monumento em honra de José Cavaco Vieira [1903-2002], ilustríssimo Altense, multifacetado, que se distinguiu não só como autarca, mas também como grande entusiasta pela etnografia popular da sua região, contribuindo decisivamente para a sua divulgação.
Depois de reformado dedicou-se à pintura, escultura e música..


Mais acima, a tradicional nora, para tirar água dos poços, e que, cada vez mais, vai sendo uma memória do passado.


Podemos ainda apreciar gente simples [sob o olhar atento de um par de matrafonas] trocando dois dedos de conversa, fazendo certamente contas à vida.


A Pastelaria Água Mel [designação deveras sugestiva], célebre pelos seus doces, apresenta um agradável acolhimento e atendimento a preços convidativos. 


A dona da pastelaria disponibilizou-se atenciosamente para tirar uma foto evocativa da nossa passagem. 


Da varanda esplanada  desfruta-se a maravilhosa paisagem serrana incrustada de extensos pomares.


O Cantinho do Artista, chamou-nos também a atenção pela sua singularidade, demonstrando que a arte é ali um tema privilegiado.


Um controverso acordeão, obra d' arte um pouco contestada localmente, não a considerando muito representativa do Rancho Folclórico d'Alte, mas que nós apreciamos.


Na praça da aldeia, o artesanato e as lojas de artesanato são ainda actividades importantes da população.



A CASA d´ALTE


Um recanto característico da aldeia, com as suas casas brancas decoradas com flores vibrantes.


Outro pormenor  de Alte e as das suas calçadas.


A Igreja Matriz cuja construção remonta aos fins do Século XIII.


Outra vista  da igreja com a sua cruz manuelina.











As suas chaminés de forma variada, rendilhadas ou com simples ranhuras, coroam os telhados das suas casas brancas e projetam-se no azul do céu.



                                                 Texto e fotos: cajoco


sábado, 12 de novembro de 2011

A APANHA da AZEITONA

Numa modesta casa térrea só com uma divisão, junto ao largo da feira, habitava o feitor António Lereno, com a mulher e os dois filhos, Gentil e o Artur. Não havia privacidade e intimidade.

A lareira ficava a um canto desnivelado. Ao lado, da janela nas traseiras, desfrutava-se uma vista maravilhosa sobre o vale e a encosta onde corria o ribeiro dos moinhos de água. As necessidades básicas insatisfeitas daquela família, certamente não davam azo ao desfrute daquela magnífica paisagem rural.

No ângulo da lareira e em cima do sobrado, todos comiam a sua refeição principal, servida num prato enorme. Quem mais depressa se despachasse melhor alimentado ficava.

Um dia, depois duma dessas refeições, o bom do Sr. António desabafou com o Dr. Belarmino, quando este o interpelou: «Então, homem, o que é se passa!? Está cá com uma cara! «Deixe-me cá o estapor da minha mulher faz-me suar para a acompanhar».

No princípio do Inverno, em Dezembro, o feitor acompanhava  o pessoal na apanha da azeitona.
Normalmente eram assalariados quatro homens. As mulheres eram recrutadas às ranchadas e pagas com cereais, vinho azeite, etc.

Eu gostava de dormir na Ribeira ao pé dos homens que dormiam  no chão em mantas por cima da palha e as mulheres, igualmente acomodadas, noutro lado.

O feitor, de inteira confiança do Dr. Belarmino, – o circunspecto, honesto e leal António Lereno – de madrugada, quando os galos anunciavam o nascer do dia, tocava o búzio para o pessoal – homens e mulheres – se levantarem, comerem uma bucha e seguirem para os olivais: Saraiva, Sulfata, Pescoça, Sardoal e Vale da Sancha.


Ali, a partir do nascer do Sol, os varejadores varejavam a azeitona para cima dos toldes, estendidos à volta dos pés das oliveiras, onde as mulheres a apanhavam de seguida, enchendo os sacos que os homens carregavam nas bestas que de seguida os transportavam para o lagar.

O Dr. Belarmino e a D. Lurdes, por vezes, acompanhavam na sua casa da Ribeira a apanha da azeitona. Acompanhavam-nos a Sra. Bertinha e a Gentil. A Sra. Bertinha fazia a comida e tratava da casa, a Gentil ia para a apanha da azeitona com as mulheres. As duas dormiam num quarto da casa.

No último dia da apanha da azeitona, cerca do meio-dia, tinham lugar as filhós – o prémio de ter acabado o serviço. Era uma pequena festa de encerramento da apanha da azeitona. Patrões, feitor, homens e mulheres confraternizavam comendo as filhós – fritalhada de bôlas de farinha azeite e ovos – pão, queijo azeitonas, chouriço, regados com uma boa pinga de vinho tinto.

[cajoco]

Imagem: Google







quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A Caça de Outrora em Vilarinho

A caça e o mundo rural estão interligados por razões de subsistência e sociabilidade. Faz parte da idiossincracia dos habitantes rurais que se transmite de pais  para filhos.


Em Outubro abria a tão ansiada época oficial da caça.

O «Carrasqueira», meu vizinho, na rua da Calçada, era um bom caçador, tinha dois cães perdigueiros e um furão, animal de utilização na altura proíbida. Era usado pelos caçadores para entrar nas tocas dos coelhos obrigando-os a sair, ficando ao alcance do tiro do caçador. O «Carrasqueira» tinha o seu furão dentro de uma espécie de tubo em cortiça, com furos num dos topos e uma tampa de abertura no outro. Leite e soro faziam parte da alimentação do furão.


O Armando Mesquita, pai do Armandito, da Isaura e da Alicita, também fora caçador, e muitos mais havia em Vilarinho.

A zona de Vilarinho era rica e privilegiada em termos de caça. Para lá até acorriam caçadores do Porto, propositadamente para caçar.

De manhã, mal o sol abria os olhos por detrás dos penedos, os caçadores lá partiam a pé de espingarda ao ombro e cartucheira à cintura; espalhavam-se pelos montes povoados por tojos, giestas, silvas e outra vegetação de pouco préstimo, não obstante esconderem os coelhos que cães e homens procuravam. Incitavam os cães com «busca!!, busca!!» e outras palavras e sons. Eram preciosos para obrigar os coelhos a abandonar os silvedos  e os matagais.

Caçava-se mais, a cada passo que caçador dava, achava um bando de perdizes ou uma «carrada» de coelhos, a caça mais atratível. Mais raras eram as lebres um complemento muito apetecível.

Ao meio-dia era a hora do almoço, hora de confraternização. Sacavam dos farnéis, das botelhas e engoretas de vinho e aí vai disto.

Da parte de tarde já a caça não tinha o mesmo entusiasmo e rendia pouco. Os caçadores já um pouco cansados regressavam ao povoado, exibindo  os proventos da caçada.

Para a próxima vez haveria mais.

[CAJOCO - CAÇADOR IMPROVISADO]


Imagens [furão e coelho] Google

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Vilarinho da Castanheira - A Bola com Câmara-de-Ar



A princípio, depois das aulas e principalmente nas férias escolares, jogávamos futebol com bolas de borracha [não duravam muito, furavam-se e rebentavam fàcilmente, atendendo aos «bons tratos» que lhes dáva-mos].
As balizas eram definidas por duas pedras e a linha de golo por um risco  entre elas.
O recinto de jogos era o largo em frente da capela da Senhora da Fé até ao cruzeiro sobranceiro à estrada.

Um dia, nas férias da Páscoa , o meu Padrinho surpreendeu-me, abrindo a porta da cortinha da casa, atirando uma bola na minha direcção, dizendo: «Toma lá para dares cabo das botas ao teu pai!».  Foi a prenda da Páscoa que ele me trouxe do Porto. Não queria acreditar no que via. Era uma bola com câmara de ar.

Foi a primeira bola, daquele género, que apareceu em Vilarinho da Castanheira, fez sucesso. Era de gomos em couro, com a famosa câmara de ar no interior, enchida antes dos jogos com uma bomba de bicicleta. Como dono da bola era acompanhado com entusiasmo pela rapaziada da aldeia.

Organizamos uma equipa de futebol da terra , que designamos por VILARINHO. Cada um equipava-se à sua maneira, preferencialmente de camisola e calção branco [o equipamento considerado mais acessível a todos].

O campo de treinos e de jogos passou para um local mais amplo,  perto da encruzilhada à saida da povoação. Era inclinado, situado num terreno baldio. As balizas passaram a ser constituidas por dois postes encimados pela trave. Melhoramentos notáveis, que eram motivo do nosso orgulho e satisfação.

A bola mudava tudo. Permitia a troca, as brincadeiras, o riso. No fim humedecíamos as botas para disfarçar as esfoladelas, evitando assim  raspanetes ao chegarmos a casa.

Eu era o «dono da bola», tinha vários privilégios e também obrigações. Uma delas era ensebar a bola depois do jogos. Jogava sempre de princípio [aliás jogavam todos, dado que não eram demais]; conjuntamente com outro parceiro, ao meu nível, escolhíamos as nossas equipas, pelo método do pé à frente do outro, até um pé ficar em cima do do oponente; então era o dono deste pé que começava a escolher a equipa e assim prosseguiamos alternadamente.

Havia poucos protestos, a malta aguentava, o prazer de jogar tolerava tudo. Batíamo-nos em intermináveis jogos de futebol. Quando havia algum desaguisado maior, parava o jogo e procurava-se um entendimento; caso contrário não se jogava mais. Bola debaixo do braço e toca de voltar para casa, ninguém se ficava a rir.

A nossa coroa de glória foram as vitórias por 1-0 e 4-0 sobre a equipa vizinha de Vale Torno. Os desafios tinham sempre numerosa e entusiástica assistência, que se distribuía e aplaudia à volta do campo. Árbitro não havia. Os capitães das equipas desempenhavam a função.

Os «heróis», entre outros, foram: António Febre – «o Ferrugem», os irmãos - Acácio e Zé Maria, os primos - Reinaldo Mesquita e Armando Mesquita, os irmãos - Acúrcio Marcos e Ramiro Marcos, Zeca - «Padre Zé» , João Morgado, Zé Silva – «Zé Bonito», Alberto Ruivo, João Morgado, Ramiro Moras, Álvaro - «Alvarinho» , Amável - « o 115», Adérito Moras e eu Jorge, como dono da bola, fazia ao mesmo tempo de seleccionador, treinador e capitão da equipa, jogava a avançado-centro. Os guarda redes eram «o Ferrugem» e o Zé Maria. Os restantes eram escalonados, de acordo  com assiduidade aos treinos, um pouco antes dos jogos .
Pretendo assim homenagear os meus amigos que ainda estão vivos  e a memória daqueles que da «Lei da Morte se foram libertando». 

Foram momentos inesquecíveis, incomparáveis. Éramos uma grande família.

[cajoco]
Imagem Google

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Largo das Palmeiras [3/3]


O Largo das Palmeiras é um ponto de encontro entre pessoas conhecidas e desconhecidas, irmanadas pela frescura do ambiente e pela apreciação da beleza do mar.



Um ambiente convidativo para a troca de impressões, conhecimentos e memórias.


Várias senhoras continuam a marcar ali a sua presença . É a arte do encontro [e ainda bem!]

Uma inusitada Fadista também comparece no palco da vida, pondo o seu xaile a preceito, canta, sem se fazer rogada,  um lindo e triste fado menor, contrastando com a boa disposição das ouvintes...


O chapelinho no chão convida a um pequeno contributo. Os presentes e os que vão passando, são magnânimos, não se fazem rogados e depositam umas moedinhas.

O fado, a primeira paixão nacional, continua a ser um catalizador de emoções.


Entretanto, uma gaivota inoportuna, lança os seus descabidos protestos lá de cima no seu ninho.


Um viajante, alheio ao que se passa, ajeita a mochila para o seu regresso.

Descobrir o Portugal real é sempre uma surpresa.

[cajoco]