As minhas memórias, que neste momento ainda resistem, vagueiam pela aldeia de Vilarinho da Castanheira onde, junto à "fraga do ovo", o Dr. Belarmino, meu pai, retratou o meu primeiro carro [um Renault 8] recentemente chegado, em rodagem, de Paris, onde o fui levantar no verão de 1965.
Comprei-o em Lourenço Marques [Moçambique] por 39.500$00, com a condição de o ir levantar à fábrica [Règie National des Usines Renault], em Paris. Em Portugal, durante a minha licença graciosa, circulou com a matrícula internacional de "turista em trânsito" [TT].
Era um utilitário que no dia a dia me levava, bem como à família, para onde queria.
Não tinha vidros eléctricos, nem ar condicionado, nem rádio com leitor de CD. Tinha apenas um leitor de cartuchos. Tinha, isso sim, uma chibante faixa branca a adornar os pneus que eu me esforçava por manter imaculada. Era o meu carro sim, achava-lhe "graça", carismático e de personalidade forte.
Algumas das minhas memórias mais fortes estão associadas a momentos vividos com ele na estrada.
No regresso, em fevereiro de 1966, embarcou connosco a bordo do Príncipe Perfeito, rumo a Lourenço Marques, onde foi legalizado.
cajoco