
Ainda pior que a convicção do não,
e a incerteza do talvez,
É a desilusão de um Quase!
É o Quase que me incomoda,
que me entristece,
que me mata
trazendo tudo o que poderia
ter sido e não foi
Quem quase ganhou
ainda joga!
Quem quase passou
Ainda estuda!
Quem quase amou
Não amou!
Basta pensar nas oportunidades
que escaparam pelos dedos,
nas ideias que nunca sairam do papel,
por essa maldita mania
de viver no Outono.
Pergunto-me, às vezes,
o que nos leva a escolher
uma vida morna.
A resposta eu sei de cor, está estampada
Na distância e na frieza dos sorrisos
Na frouxidão dos abraços,
Na indiferença de um bom dia quase que sussurrado
Sobra covardia e falta de coragem até para se ser feliz.
A paixão queima! O amor enlouquece! O desejo trai!
Talvez estes fossem
bons motivos para decidir
entre a alegria e a dor
Mas não são.
Se a vida estivésse mesmo
no meio-termo...
O mar não teria ondas!
Os dias seriam nublados!
O arco-íris em tons de cinza!
[Sarah Westphal]