Porto de Sines

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quarta-feira, 21 de maio de 2014

África / Moçambique [2/3]

A primeira aquisição, com o meu primeiro ordenado em Lourenço Marques [Moçambique], foi um gira discos automático Grundig [um luxo acessível], que trouxe de África há 40 anos. Ainda o conservo comigo mobilando o imaginário da minha vida.

Nas horas de lazer deliciava-me ouvindo discos vinil de 33 e 45 rotações, músicas que marcaram o meu tempo em África. Era, como se pode observar, fã incondicional de Elvis Presley : It's Now or Never, King Creole, Love me Tender, etc, eram canções do Rei do Rock, então no auge da sua popularidade.
A agulha descia e começava a ouvir, no gira-discos, em toda a sua plenitude a voz de Elvis, o incontornado Rei do Rock...
Bill Haley and his comets, Cliff Richard [Congratulations...] e... Nat King Cole, com a sua voz aveludada - em Cole Español - [Cachito, Adelita, Acêrcate Más, Bodeguero, etc] também tinham a minha preferência.
As capas dos discos vinil eram autênticas obras d'arte. Hoje, tudo é digital. 


No  carro do amigo Luis Lopes, jogador de basquetebol do então Ferroviário de Lourenço Marques.

Um MG descapotável no qual o acompanhei nuns raids que fazia até Vila Luísa, povoação que ficava na margem esquerda do rio Incomati a cerca de 30 km de Lourenço Marques. Atingia velocidades incríveis, vibrava e abanava por todo o lado, parecia que ia desconjuntar-se a todo o momento.



Depois das horas de trabalho, confraternizávamos e convivíamos de forma [in]formal, como nesta ocasião, preparando-nos para apreciar uma "Laurentina" e debicar uns camarões, no Restaurante Oceania.


No copo d'água do casamento do amigo Leong - uma lenda da Caça Submarina - em Moçambique.

 A consoada de 1965 foi passada já em Vilarinho da Castanheira [Trás-os-Montes] no regresso, passados sete anos, de licença graciosa ao seio familiar. O Dr. Belarmino, depois de um cálice de vinho fino, permitiu-se até... a fumar um cigarro...

A TV de então, a prêto e branco, pontuava em local de evidência.

Tenho saudades daquele tempo, devo dizer, de volta ao passado, compreender o que eram as nossas vidas de então, nostalgia dum tempo que não se repete, um passado ainda presente...


cajoco

22 comentários:

Unknown disse...

Recordações vivas em ti e que sempre te acompanharão. Olhar esta fotos faz crescer uma saudade que não cabe dentro de nós.
Não tenho as tuas recordações.
Na Guiné apenas havia mato e pouco mais. Duas vezes vim passar férias de malas vazias.
Hoje transporto a dor da fome e do medo que por lá passei.

Anónimo disse...

Olá, Jorge!

De vez em quando acontece:apetecer inverter a marcha do tempo, e rumar ao tempo de que sentimos saudades...
Tempo dos gira-discos e gravadores enormes, que eram "the state of the art" de então.

Também lembro de um gira - discos que comprei em Cabo Verde, com uma caixa muito bonita. Para ao chegar a casa descobrir que afinal não dava música - porque não tinha altifalantes...

Gostei de ler um pedacinho das suas memórias.

Abraço amigo e bom fim de semana.
Vitor

Jorge disse...

Luis Coelho,
A saudade das pessoas, dos sítios, das vivências é um sentimento muito forte, muito intenso. É uma forma de recuperarmos e perpetuarmos a nossas memórias.
As tuas recordações são mais amargas, recordam certamente aqueles que morreram na flor da vida numa guerra colonial sem nexo, com o medo, dos que por ela passaram, instalado nas suas mentes.

Jorge disse...

Vitor,
Um gira discos sem altifalantes é mesmo um corpo sem alma.
Memórias que obrigam a carruagem do tempo a andar mais para trás e que estão nos alicerces do que hoje somos.
Grato pela sua atenção.

Graça Pereira disse...

Adoro quando tu mostras o "nosso" Moçambique... Os convívios, confraternizações...eram constantes! No Oceania estive lá muita vez.
Que inveja do MG... sempre tive vontade de ter um...talvez por causa das minhas iniciais ou, porque já gostava de coisas boas...
Curiosamente, uma das primeiras coisas compradas com o meu ordenado, foi um gira discos que ainda tenho e onde oiço todos os Vinil que trouxe (alguns 75 rotações "volta ao mundo em 80 minutos") As capas são belíssimas e algumas até dão para fazer quadros com outras características...
Tempos que não voltam?? Pode ser...Mas eu estou sempre lá quando escuto essas músicas (lendárias e intemporais) a que te referiste...
Obrigada por este regresso.
Abraço e bom fim de semana.
Graça

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

recordar é viver...

bom fim de semana.

beijo

:)

Ana Tapadas disse...

É um testemunho de vida e um belo documento.
Ah passado, onde as nossas memórias felizes se alojam.

Beijinho

Maria Rodrigues disse...

Reviver o passado é como voltar a sentir a magia e encanto desses tempos.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria

Jorge disse...

GRAÇA,
O teu comentário é uma lufada de África energizante.
Em Moçambique víamos tudo a cores. As capulanas, o mar azul turqueza com as suas areias brancas, o encanto das paisagens...
As queimadas ao entardecer iluminavam o horizonte.
Até a lua parecia maior.

Jorge disse...

Piedade,
As memórias vivem-se ou não. É nessas memórias que nos enraízamos.

Jorge disse...

Ana,
A vida é uma comunhão e uma partilha constantes. Obrigado!

Jorge disse...

Maria,
São memórias que resistem e continuam a viver dem nós.

São disse...

É bom recordar momentos e acontecimentos felizes...

Que tenha agradável domingo e ...não esqueça de ir votar :)

oteArt disse...

lourenco marques, actual maputo, cuna de eusebio y coluna, pena, los dos fallecidos de continuo....bonita historia; como bonita noche fue ayer en lisboa, pena para el atleti tambien, que tuvo la oreja a un minuto....saludos

Jorge disse...

São,
Foi apenas um pretexto para reviver momentos felizes que deixei para trás.
O trio cá de casa, em sintonia, já exerceu o seu dever cívico: VOTAR!! ;)

Majo disse...

~
~ Gostei das suas mais belas e felizes memórias que partilhou conosco.

~ Lamento muito as recordações sentidas pelo Luís.

~ Não hesite em enviar-nos postagens como estas. È um prazer.

~ ~ ~ Abraço. ~ ~ ~

Jorge disse...

oteArt,
O Atlético teve a vitória... à vista. Foi uma oportunidade única, que se esfumou.
Agradeço as referências a Eusébio e Coluna [dois ícones do futebol].

Jorge disse...

Majo,
Agradeço o seu comentário.Dá mais vivacidade ao post.

Mariazita disse...

O meu último post também é sobre África (as minhas recordações de África...), excerto de um capítulo do livro que estou a escrever. Estou já na última parte, que é sobre Cabo Verde.

Adorei ler estas recordações que coincidem, no tempo, com as que tenho de Moçambique.
Mas fez-me uma saudade enorme!!!

Boa semana.
Beijinhos

Zilani Célia disse...

OI JORGE!
MUITO LEGAL TUA POSTAGEM.
GOSTO MUITO DE HISTÓRIAS DE VIDA, SÃO AS MAIS RICAS E A TUA ESTÁ ÓTIMA. VOLTAR AO PASSADO SEMPRE DÁ UM POUCO DE NOSTALGIA, MAS, COMO SE DIZ, "RECORDAR É VIVER".
ABRÇS

http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Jorge disse...

Mariazita,
A saudade das pessoas, dos sítios, das vivências é um sentimento muito humano, digamos: natural.

Jorge disse...

Zilani,
São recordações e marcas que marcam para a vida.