Porto de Sines

Porto de Sines

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Hoje eu estou cansado, por favor não me peçam nada!!!











Espero que os meus amigos tenham sorrido...


O azimute [ blog/aprendiz] solidariza-se com estes amigos, sente-se também um pouco cansado, vai fazer uma PAUSA , neste período estival para: repensar e optimizar este blog [estrutrura, temas, comentários], regressar à leitura, ao contacto com a natureza, usufruir de momentos ao ar livre mais tranquilo e relaxante no barrocal algarvio, não resistindo certamente ao desafio do mar para uns mergulhos e caminhadas à beira-mar.

Aos meus amigos virtuais que solidariamente me apoiam com o seu carinho e amizade, apelo ao bálsamo da sua tolerância e compreensão para eventuais pequenos desentendimentos ou mal-entendidos [não muitos diga-se] enviando daqui um grande abraço para todos, despedindo-me com


UM...

ATÉ BREVE!!

JORGE

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Silves / Xilb ou Xelb [II]









Retomando a história do domínio árabe na Península Ibérica giramos à volta da figura lendária de Al Mu'tamid Ibn Abbad político-poeta, que nos legou um património único que urge preservar, dar a conhecer e reviver.

Com a queda do Califado de Córdoba e na ausência de um poder aglutinante, surgiram na Península Ibérica em 1031, uma série de reinos independentes, movidos e disputados pelas diferentes forças locais: árabes, moçárabes e convertidos.

É neste ambiente de disputa que os Abábidas criam a Taifa de Sevilha, que cedo engloba a região do Gharb e Silves, Al Mu'tamid Ibn Abbad, Senhor de Sevilha, torna-se também senhor de Silves, e nomeia como Governador o seu filho Al Mu'tamid Ibn Abbad, nascido em 1040 em Beja, que fará de Silves a sua capital, a partir de 1053.

É ao lado de Ibn Ammar, poeta natural da região [Estombar] e que se tornará seu amigo, que Al Mu'tamid reúne em Silves uma corte de intelectuais, poetas e geógrafos, [Mariame Alansari, Assilba, Ibn Qasi, Ibn Badrum, etc.] que farão de Silves uma capital, não só política como administrativa, mas também cultural, atingindo um esplendor nunca visto e uma importância considerável em todo o Extremo Ocidente.

A vida de Al Mu 'tamid / Poeta do Destino está na poesia e a poesia na sua vida.

É dele este poema:


Inocultável

por receio de quem espia
com muita inveja a roer
ela não veio nesse dia
pra assim traída não ser
pla luz do rosto esplende,
plas jóias a tilintar,
e plo perfume do ambar
a que o corpo rescende.

é que ao rosto, com manto,
tapá-lo inda poderia,
e as jóias entretanto,
fàcilmente as tiraria,
mas a fragância do encanto
pra ocultá-la que faria?


Em 1069, Al Mu'tamid deixa Silves e torna-se rei de Sevilha confiando Silves ao seu amigo Ibn 'Ammar.

O relacionamento entre Al' Mutamid e Ibn 'Ammar torna-se cada vez mais difícil, possessivo e inclusivamente ofensivo, chegando ao ponto de Ibn 'Ammar compor poemas em que ridiculariza 'Itimad, a bela mulher do rei-poeta, conhecida na corte de Sevilha como a Saídat-al-Kubra [a grande senhora], odiada por muitos juristas e religiosos prontos a traírem o seu nome e do seu soberano.


A AL MU'TAMID

Nada me move, meu príncipe,
Senão a tua vontade.
Contigo vou,
Como viajante noturno
Guiado pelo clarão dos relâmpagos.
Queres voltar para a tua amada?
Vai num rápido veleiro
E seguirei no teu encalço,
Ou salta antes para a sela,
Contigo irei também.
E quando,
Graças à protecção divina,
Chegarmos aos umbrais do teu palácio
Permite que torne sòzinho à minha casa.
Não percas tempo a sacar da espada!
Lança-te aos pés da que tem a cintura delicada
E compensa-a do tempo perdido.
Beija-a e aperta-a contra o peito.
E murmurem vossas bocas
Meigas e doces palavras,
Como os pássaros se respondem mutuamente
Em suaves cantos ao romper de alva




Perdoa e ganhará o amor
Um outro realce, outra beleza.
É que se punires será o rancor
A tomar mais evidência e mais clareza.

(...)

Perdoa! O que partilhamos me redime
Nos espaços perfumados do Allah
Apaga os vestígios do meu crime!
Venha da clemência o teu soprar
E tudo enfim desaparecerá.

(...)

Que se eu morrer, fique contigo
Uma réstea de consolação.
Morrerei mas levarei comigo
A violência da minha afeição.


Poemas escritos por Ibn 'Ammar


Ibn 'Ammar trai várias vezes Al Mu'tamid que em nome do passado sempre lhe perdoa, mas no final acaba por mandar prendê-lo e mata-o na sua cela.

O final do reinado do rei-poeta fica marcado pelas ameaças cristãs ao seu reino, que o levam a pedir apoio ao novo soberano de Marrocos, Yussuf Ibn Tachfin, líder da Dinastia Almorávida e fundador da cidade de Marraquexe.

A entrada dos Almorávidas na Península é impiedosa, unificando o território sob o seu poder e desterrando Al'Mutamid e sua mulher 'Itimad para Agmat, nos arredores de Marraquexe, onde terminam os seus dias num miserável cativeiro.


"Grilheta, não sabes que já sou teu?
Porque és dura e sem piedade?
Se esse ferro deste sangue já bebeu
E a minha própria carne já morde
Não me roas os ossos por maldade."


Poema escrito por Al Mu'tamid





Túmulo de Al Mu'tamid




Actualmente a figura de Al Mu'tamid constitui mais do que nunca o ponto de convergência de sábios, poetas, historiadores, linguistas ou responsáveis políticos para recuperação de um passado comum e uma estratégia de cooperação entre Portugal Espanha e Marrocos.

Fonte:Internet