Porto de Sines
sábado, 23 de janeiro de 2010
Fotografia "à la minute"
Hoje, venho falar de uma figura que, quando eu era criança se encontrava vulgarmente pelas praias, nas romarias, nas praças e jardins públicos mas que, na época actual desapareceu quase completamente. Tem isto a ver com a evolução dos tempos, claro!Estou a referir-me ao fotógrafo à la minute.Ele chegava, trazendo nas mãos tudo aquilo de que ia precisar, quer para a fotografia, quer para a sua revelação. Montava o caixote de fotografar sobre um tripé e ficava à espera dos clientes que quisessem deixar-se registar para a posteridade. Nas faces laterais da máquina havia algumas amostras das diferentes fotos que cada um podia escolher Na face traseira da caixa via-se um pano escuro e opaco, onde, às tantas, o homem enfiava a cabeça para fazer o enquadramento das pessoas que iriam ser fotografadas e, na face dianteira estava um fole preto com a objectiva na ponta. Depois, havia ainda um recipiente onde ele punha um líquido com um cheiro muito activo que faria aparecer a imagem no papel e, também, um balde com água onde, por fim, os retratos eram lavadas e finalmente postos a secar, com as molas utilizadas para os suspender, no fio amarrado às pernas do tripé.Quando o grupo estava já a postos, com um sorriso de orelha a orelha, lá vinha a voz do artista, de mão levantada a acenar:_“Olhó o passarinho”! Ao mesmo tempo apertava a bolinha de borracha que tinha na mão e que ligada ao caixote, fazia o disparo da foto.
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7 comentários:
Há uns tres anos tirei uma foto dessas em Ponte de LIma nas Feiras Novas...Adoro fotos...
Era um casal velhinho...tenho aqui a foto na sala...
LI O TEU POST E SENTI SAUDADES...
BEIJINHOS MEXICANOS:)
Susaninha! Surpresa das surpresas!
Amiro a tua sensibilidade.
Adorei a minha infância, tenho muitas saudades. Há coisas que gostava de me lembrar melhor.
Retribuo os Bjis.
Admiro a tua sensibilidade.
Bjis
Olá Jorge! Mas que prazer em reencontrá-lo. Quanto tempo passou? Não interessa, nem vamos perder tempo fazendo as contas. Só sei que, apesar de algumas rugas, dos cabelos brancos e até da falta deles, foi exatamente "ontem" a última vez que nos vimos. Mas já que fez uma bela homenagem aos fotógrafos do passado, algumas fotografias ficaram para mostrar à posteridade que um dia nossos caminhos se encontraram. Ainda criança, recordo-me das disputadas partidas de ping-pong entre o Jorge e o Reinaldo. E aos meus ouvidos ainda soa a voz dos dois me chamando pelo apelido carinhosamente colocado de "seu tijuca". Mas a vida é mesmo uma caixinha de surpresas. Os nossos caminhos rapidamente se afastaram. Cada um foi tentar construir o restante da sua estrada. E eis que a caixinha de surpresas, já agora na forma da tecnologia da comunicação mais conhecida como internet, novamente nos aproxima para um abraço amigo. Mas não faz mal. Nós acreditamos que quanto mais o tempo passa, mais caloroso é o reencontro.
Bem-vindo, Luiz António,
É verdade "seu tijuca"!
Adorava ter essa facilidade de expressão característica desse povo irmão (as minhas bisavó e avó maternas nasceram no Brasil, mais concretamente no Pará).
Fico feliz por este reencontro e esta agradável surpresa.
O meu cabelo também embranqueceu e... foi-se.
Recordo as intermináveis partidas de ping-pong. O "vício" acompanhou-me sempre. Em Moçambique e aqui no Alentejo cheguei a "dar cartas" ou melhor a "pedir meças". Já não jogo há alguns anos, mas ainda era capaz de "dar uma mãozinha".
Um abraço grande, do tamanho do oceano que nos une.
Olá Caro Jorge.
Foi-me possível viajar no tempo e ver-me a atravessar a Praça do Comércio em Lisboa para apanhar o Cacilheiro e havia nos dias de bom tempo um fotógrafo, já na altura pessoa de idade considerável e ajudado pela esposa a tirar esses retratos que milagrosamente apareciam depois de mergulhados no dito liquido. "Olha o passarinho". Iam os anos de de 1960 coisa assim!
Foi da sua parte uma lembrança bem colocada e que agradeço por revivê-la.
Kandandu amigo
Viva, Amigo Kimbanda! Os seus conceituados comentários são sempre bem-vindos. Requalificam este modesto espaço.
Recordar é viver. Naquela época (década de 40 do século passado) o fotógrafo "a la minute" era um artista muito considerado.
Um cordial abraço
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