A minha memória já não é a mesma de outros tempos. Mesmo assim gosto mais de recordar que comemorar.A Páscoa era também uma festa de grandes tradições. Era precedida da Quaresma, quadra de sacrifícios.
Na minha infância, no Domingo de Ramos, todos levavam o ramo de oliveira – mais ou menos ataviado – para ser benzido na missa.
Durante a Semana Santa - a semana da Paixão de Cristo, em que os Santos estavam tapados, havia uma certa contenção de todos, face à solenidade da ocasião.
Assim, o tão conhecido folar, representava simbolicamente o presente dos padrinhos aos afilhados, impondo-se como preceito irem recebê-lo a casa dos padrinhos no Domingo de Páscoa [ir pedir o bolo]. Ritual precedido da entrega do ramo de oliveira dos afilhados aos padrinhos no Domingo de Páscoa.
Faziam-se os folares de carne e os folares doces. Andava tudo numa azáfama. A boa da D. Purificação, prima do meu pai, vinha para nossa casa tratar da sua confecção. Esta tinha os seus segredos, principalmente no modo de amassar a farinha, - de forma que ficasse muito leve - na distribuição da carne, dos ovos [chegavam a gastar-se quinze dúzias de ovos] que em formas de chapa eram levados para assar no forno comunitário de lenha, onde cada família fazia a sua massa.
Faziam-se os folares de carne e os folares doces. Andava tudo numa azáfama. A boa da D. Purificação, prima do meu pai, vinha para nossa casa tratar da sua confecção. Esta tinha os seus segredos, principalmente no modo de amassar a farinha, - de forma que ficasse muito leve - na distribuição da carne, dos ovos [chegavam a gastar-se quinze dúzias de ovos] que em formas de chapa eram levados para assar no forno comunitário de lenha, onde cada família fazia a sua massa.
Na Sexta-feira Santa, o andor do Senhor dos Passos, saía da Capela do Calvário e percorria toda a aldeia em procissão acompanhada pela banda de música, que tocava música sacra.
No Sábado da Aleluia, ao bater do meio-dia, o sineiro tocava os sinos da igreja e os garotos, eu incluido, corriam para ver qual era o primeiro a tocar os sinos nas capelas da aldeia.
No Domingo de Páscoa, antes da missa, o padre percorria a aldeia com o Palio. [O Palio era um sobre-céu portátil, suspenso por meio de varas, que servia nas procissões para cobrir o padre] .
À frente, o Gilberto transportava o crucifixo. [O Gilberto era uma figura típica de Vilarinho. O seu fervor religioso só era ultrapassado pelo gosto da «pinga»; era um bom copo, benza-o Deus].
As pessoas mais notáveis da aldeia eram convidadas para pegar nas varas do Palio. Eu e o amigo Reinaldo, por vezes, pegávamos nas duas primeiras varas do Palio, em substituição dos nossos pais.
Seguia-se a missa, no fim da qual o Padre percorria a aldeia com Senhor e entrava nas casas abençoando-as e ao mesmo tempo tirando o compasso e recebendo os donativos dos paroquianos, nas casas que visitavam.
As pessoas mais notáveis da aldeia eram convidadas para pegar nas varas do Palio. Eu e o amigo Reinaldo, por vezes, pegávamos nas duas primeiras varas do Palio, em substituição dos nossos pais.
Seguia-se a missa, no fim da qual o Padre percorria a aldeia com Senhor e entrava nas casas abençoando-as e ao mesmo tempo tirando o compasso e recebendo os donativos dos paroquianos, nas casas que visitavam.
Era assim a Quadra Pascal na minha aldeia...





