No ano 67 desta nossa Era Cristã, em dia e mês não apurados, Torpes, que era oficial da casa do imperador Nero, foi decapitado em Pisa e o seu corpo lançado ao mar. Cometera o crime de se ter manifestado como adepto do cristianismo.
E a 17 de Maio desse mesmo ano, junto à desembocadura da Ribeira da Junqueira foi encontrada uma cabeça. A cabeça de S. Torpes, tendo a velá-la um cão e um galo.
Celerina, casada com Lúcio Venôncio, mulher que seria mais tarde santificada, sabedora do aparecimento, viajou imediatamente de Évora, onde vivia, para Sines, a fim de providenciar condigna sepultura ao achado. Para o efeito, no local foi erguido um templo cristão de majestosas dimensões, dizem que o primeiro no género na Europa. Porém seria arrasado em 711, o que significa ter-se aguentado mais de meio milhar de anos.
Entretanto o corpo sem a cabeça de S. Torpes foi dar à costa francesa da Provença, numa praia que mais tarde se chamaria Saint-Tropez. Agora o que é curioso na parte mais real desta lenda é que a actual praia de S. Torpes praticamente confina com uma herdade que se chama da Provença.
[Ponte da Ribeira da Junqueira e o marco implantado no local onde foram encontrados os restos mortais de S. Torpes].
Fonte: Excerto de "Lendas de Portugal".